Rede de Ocultações Estelares por Asteroides

As ocultações estelares por asteroides (não confundir com ocultações lunares, outro campo de observações) consistem em observar e registar os tempos de um asteroide a passar em frente a uma estrela da perspetiva do observador. A sombra destes eventos costuma ser pequena, e cada evento não se repete, tornando este tipo de observação locais e únicas para qualquer combinação estrela-asteroide.

O objetivo das ocultações estelares por asteroides é a medição indireta, com grande precisão, do tamanho e formato dos asteroides, com a possibilidade de também se detetarem outras características, como um sistema de anéis ((10 199) Chariklo, (2 060) Chiron e (136 108) Haumea), satélites (ex: Romulus e Remus a orbitar o asteroide (57) Sylvia) ou uma atmosfera (ex: Tritão, Plutão). Estas medições são possíveis com telescópios de pequeno porte (os mais utilizados na área são os de 20-40 cm de diâmetro), pois estamos a observar a estrela, mais brilhante, a desaparecer e reaparecer, e não diretamente o asteroide.

1 – Exemplo de ocultação estelar por (41) Daphne a 2017/03/02, onde o fluxo da estrela caiu durante ~20s.

2 – Exemplo de um campo de observação (por Dr. Christian Weber, IOTA-ES Berlim, Alemanha), onde a estrela alvo e 3 estrelas de comparação são selecionadas.

A duração típica de uma ocultação encontra-se num intervalo ente 0,1 e 10 segundos, por isso é essencial ter uma câmara rápida, que consiga captar várias imagens por segundo.

Para maximizar a precisão das medições, também é necessária uma localização exata do observador e uma fonte temporal, como um sinal GPS, para indicar que secção do asteroide o observador captou, e os momentos de início e fim de ocultação. Apesar de algumas câmaras, como as QHY, Raptor ou WATEC, oferecerem já o tipo de precisão necessária, estas são caras (centenas ou milhares de euros de investimento), podendo ser incomportáveis para o orçamento de um astrónomo amador.

Por causa disso, são necessárias alternativas, e uma boa escolha pode ser o uso do NMEATime2, disponível a partir da “VisualGPS”, que pode ser transferido para um período experimental, e depois ser comprado por ~20$, juntamente com uma antena GPS por ~15$, que pode sincronizar o sistema do computador com uma precisão sub-segundo. Se o software da câmara for capaz de ler o sistema do computador, esta é uma alternativa barata para conseguir uma datação exata de cada imagem captada. Uma câmara típica com um sistema CCD/CMOS, sem ser topo de gama, custará à volta de ~200$. No conjunto, o material de observação não-especializado (não incluindo um computador ou o telescópio, os quais assumimos o observador já ter acesso à partida), custará à volta de 250$, ou 200€.

3 – Exemplo de datação de GPS inserida no video durante uma gravação.

Diferentes populações de asteroides são observadas com diferentes objetivos:

· Cintura Principal (Main Belt Asteroids – MBA): observados a partir de vários locais em simultâneo, para conseguir obter um modelo de forma e rotação do asteroide, que permitirá determinar a sua composição, história e ligar famílias de asteroides;

· Objetos Transneptunianos (Transneptunian Objects -TNO): maiores e mais lentos do que os MBA, estes objectos são alvo de observações mais longas, mas como a população de TNO também é muito menor, geralmente temos que procurer eventos com estrelas mais fracas, obrigando o uso de telescópios maiores;

· Asteroides Próximos da Terra (Near Earth Asteroids/Objects –NEA/O): mais pequenos e rápidos que os MBA, criam eventos que duram frações de segundo, obrigando a uma câmara muito rápida e datação muito precisa.

Para a redução de dados de ocultações estelares, existem várias ferramentas populares na comunidade, entre as quais destacamos (páginas em inglês):

Tangra: http://www.hristopavlov.net/Tangra3/

R-OTE and PyOTE: https://occultations.org/observing/software/ote/

Limovie: http://astro-limovie.info/limovie/

Para o acesso ou criação de previsões, a ferramenta “Occult” permite o cruzamento entre o catáligo EDR3 do Gaia, com as melhores posições de estrelas, com os catálogos típicos de asteroides, como Astorb (https://asteroid.lowell.edu/main/astorb), MPCORB (https://www.minorplanetcenter.net/iau/MPCORB.html) and AstDyS-2 (https://newton.spacedys.com/astdys/index.php?pc=3.0). Alguns sítios para descobrir eventos são:

Occult (homepage): http://www.lunar-occultations.com/iota/occult4.htm;

Call4obs (alta probabilidade, um sub-grupo da página seguinte): https://call4obs.iota-es.de/

Previsões por Steve Preston: https://www.asteroidoccultation.com/

OccultWatcher (ferramenta transferível): http://www.occultwatcher.net/

Para a entrega de relatórios de observação, pode utilizar tanto a ferramenta Occult, como a plataforma Euraster (http://www.euraster.net/) ou a lista Planoccult (http://vps.vvs.be/mailman/listinfo/planoccult). Pode ver nesta página dois exemplos de relatórios, um para uma ocultação positiva (queda de fluxo da estrela visível) e um para uma ocultação negativa (não se verifica a queda da estrela). Recomendamos que partilhe mesmo os relatórios negativos, pois estes podem ajudar a encontrar soluções melhores para resultados obtidos noutros observatórios em relação ao mesmo evento.

Se quiser ficar a par da investigação realizada nesta área, bem como das contribuições de astrónomos amadores, sugerimos a “Journal for Occultation Astronomy” (JOA), uma revista de acesso livre onde os astrónomos membros da IOTA (International Occultation Timing Association) divulgam trabalhos correntes e históricos. Pode aceder às edições anteriores da revista através deste link: https://www.iota-es.de/joafree.html

A nossa proposta é a criação de uma plataforma onde qualquer pessoa possa aceder a eventos promissores observáveis em Portugal, e que possam enviar relatórios dessas observações a nós ou a uma das fontes listadas.

Também estamos disponíveis para fornecer previsões para locais específicos, ou ensinar qualquer membro interessado como criar as suas próprias previsões através das ferramentas Occult e OccultWatcher, para que descubram os eventos mais viáveis em cada zona do país.

Estamos disponíveis para qualquer contacto, listando as áreas onde é preferível contactar um dos membros:

João Ferreira (previsões, análise de resultados, relatórios): jferreira@oal.ul.pt
Rui Gonçalves (detalhes de observações, redução de dados, relatórios): rui.goncalves@ipt.pt
Pedro Machado (detalhes de observações, equipamento): machado@oal.ul.pt

Rede de Ocultações Estelares por Asteroides | Sociedade Portuguesa de Astronomia (sp-astronomia.pt)

Videconferência (20231103)

Na reunião realizada ontem, 6ª feira dia 3-11-2023, para a qual foram convocados todos os associados e membros da APAA e para a qual tivemos muito orgulho em participar, o NOC- National Outreach Coordinator da IAU apresentou, um projeto do maior interesse para todos os astrónomos, amadores e profissionais do nosso país.

Dado o extremo interesse do projeto, faz sentido que todos vós tenham conhecimento do mesmo, dando-vos assim oportunidade antecipada de o virem a abraçar, tal como todos os participantes de ontem o fizeram.

A grande linha orientadora apresentada, segue uma direção que muita falta faz à comunidade de astrónomos portuguesa, a da organização e de gestão de recursos.

Dado que a grande maioria dos astrónomos amadores têm como princípio, realizar os seus trabalhos, de forma solitária, permitindo assim uma maior concentração na recolha minuciosa dos dados, sem interferência externa, para depois os tratarem e apresentarem ao público em geral ou em grupos mais ou menos restritos, não permite haver tempo/recursos disponíveis para outro tipo de trabalhos.

Mas é aqui que está o cerne da questão.

Quantos de nós já pensámos em participar mais ativamente em projetos de maior valor científico, em atividades de divulgação da astronomia nacionais ou internacionais, em momentos em que o nosso conhecimento é partilhado e utilizado para galvanizar crianças e adultos, nesta magnífica ciência que é a astronomia?

Para o fazermos temos de estar organizados e disponíveis.  

Este projeto, cuja face visível vai ser uma plataforma online, onde nos podemos registar com a informação do que somos enquanto astrónomos e do que temos para oferecer à comunidade de astronomia em Portugal de forma a contribuir, de forma organizada, para a evolução desta atividade.

Este site vai estar ligado a instituições nacionais e internacionais, e à comunidade científica e académica em geral, que procurem recursos para dar resposta às suas atividades.

Este levantamento sobre o estado da arte da astronomia em Portugal, vai ser fundamental para, em paralelo com o que está a ser feito por esse mundo fora (ver mais em www.iau.org/public/noc) reunirmos conhecimento e recursos que neste momento estão dispersos e desconhecidos.

Assim a APAA- Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores, junta-se com muito orgulho à SPA-Sociedade Portuguesa de Astronomia e ao NOC- National Outreach Coordinator da IAU, e recebe de braços abertos a representação de todos os astrónomos amadores nacionais e desafia todos os seus membros e associados a colaborarem ativamente neste projeto.

Mais novidades serão entretanto divulgadas.

Noites estreladas

A APAA

Palestras Planetário do Porto (10 e 11 de novembro de 2023)

Planetário do Porto (up.pt)

Título

Rochas deste e d’ outros Mundos (Álvaro Pinto)

Duração

45 – 60 min

Tipo

Hands-on

Quando e Onde

Planetário do Porto – Centro Ciência Viva; 6ª feira 10-nov.-2023 | 17:00

Descrição

Neste desafio queremos que identifique diferentes rochas do planeta Terra, através de propriedades observáveis macroscopicamente. Mas, há rochas que são fragmentos de corpos celestes que conseguem sobreviver à passagem pela atmosfera da Terra e atingem a superfície do nosso planeta – os meteoritos. Os meteoritos são “rochas d’outros mundos” e fornecem informações valiosas sobre a formação e evolução do sistema solar e do nosso planeta, sendo essenciais para a investigação científica.

PALESTRA
Atividades Pro-am em Portugal

A astronomia é um dos poucos domínios científicos em que os não profissionais (am – amadores) continuam a dar contributos significativos para a investigação profissional (Pro).

Que tipo de atividades e que contribuições podem os astrónomos amadores fornecer aos cientistas profissionais? Que organizações estão envolvidas nestes processos? De que forma se processa a colaboração? Que equipamentos é necessário possuir? Estas e outras perguntas serão respondidas pelo astrónomo amador Pedro Ré.

Auditório do Planetário do Porto, sáb., 11 nov. 2023, 15h30 às ≈16h15

WORKSHOP
Telescópios e observatórios astronómicos (1973/2023)

O céu sempre exerceu um enorme fascínio sobre a humanidade. Desde tempos imemoriais que a humanidade está “de olhos postos no céu”. Contudo, o olho humano não tem capacidade de ver tudo o que o “céu” tem para nos mostrar. Rapidamente o engenho humano começou a produzir instrumentos para ver melhor e mais distante, no céu profundo, desenvolvendo equipamentos que hoje designamos por telescópios. Neste workshop iremos contactar com diferentes telescópios e perceber a evolução, ao longos dos tempos modernos, da ciência e da tecnologia dos telescópios de pequena dimensão. Se as condições climatéricas o permitirem realizaremos uma observação do nosso astro Rei – o Sol. Auditório do Planetário do Porto, sáb., 11 nov. 2023, 16h30 às ≈17h30

Traçar um caminho em conjunto para a Astronomia em Portugal

Título: 

Traçar um caminho em conjunto para a Astronomia em Portugal

Facilitadores: 

João Retrê, Sérgio Pereira, Coordenação Nacional de Comunicação de Ciência, do Gabinete de Divulgação da Astronomia da União Astronómica Internacional (IAU-NOC)

Resumo: 

A IAU-NOC reconhece o papel essencial da Astronomia Amadora para a divulgação da astronomia na sociedade e também para a produção de conhecimento através das colaborações com a Astronomia Profissional.

Daqui resulta ter como objetivo reforçar a coesão e a unidade da Astronomia Amadora, tanto a nível nacional como internacional.

Para este fim, a IAU-NOC pretende trabalhar em estreita colaboração com diversas entidades da Astronomia Amadora e também profissional (atentando às ligações pro-am), e partilhar a sua visão para o futuro da Astronomia na sociedade portuguesa.

A mesma terá lugar por videoconferência no dia 3 de Novembro próximo, sexta-feira, pelas 21h.

O link da sala de reuniões é o seguinte  https://videoconf-colibri.zoom.us/j/96884393877?pwd=b1FTd3RRZFlKVnZnaVkzYitENGI3UT09